A COMU DA REDAÇÃO

Jessica Montanha
3 min readJul 10, 2017

--

Foto: Jessica Montanha

Já passa das 10h30 quando chego à redação do Jornal do Comércio, localizada perto do Parque da Redenção, em Porto Alegre. Lá está Patricia Comunello, preparando um chimarrão para as 4 pessoas que estão ali trabalhando. É manhã de segunda-feira. O som ambiente vem da televisão, ligada em um canal de notícias.

Comu, como é chamada pelos colegas, é encarregada da subeditoria do site do jornal. Além de trabalhar em redação, também é assessora do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS). Sua escolha pelo jornalismo se misturou com o fato de ser uma pessoa curiosa e por “gostar de ler”. Ainda no colégio, uma professora de português a advertiu sobre a tal escolha: “Ah, não! Vai passar fome!”, conta aos risos. Apesar do conselho, “já estava decidida”. Sua nota no vestibular foi tão alta que poderia ter optado por medicina, mas Comu é formada em jornalismo pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), há 18 anos.

Sua rotina é baseada na realização de várias tarefas, praticamente ao mesmo tempo, das mais variadas, desde mediar as entrevistas produzidas para o site até editar os vídeos. Enquanto discute sobre uma pauta, sua atenção é direcionada para a televisão, que passa uma propaganda sobre uma série. Fica indignada, num tom de graça, com o fato de um personagem possa vir a morrer, mas em seguida retoma o foco. Sempre muito ativa, não perde o sorriso entre tantas atividades.

Foi repórter de economia por 8 anos no Jornal do Comércio. Tomou gosto pela área por tratar de informações “mais precisas”, mesmo não tendo tanta facilidade com números. Atualmente está finalizando seu trabalho de conclusão em Ciências Sociais, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Também está cursando pós-graduação em Mídias Digitais, pela Pontifícia​ Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Entre estudos e trabalhos, suas horas de folga são divididas entre leitura, televisão e ficar em casa.

A todo momento sua atenção é disputada por no mínimo quatro telas: dois celulares, um tablet e mais o computador. Fica tão envolvida com o seu trabalho que quase não come. “Literalmente, eu não costumo almoçar”, conta. Amanda, sua colega de redação complementa: “a Comu não come nada!”. Faz parte de seu estilo. Ainda rindo da situação, Comu lembra que trouxe torta de aveia com berinjela que sua mãe fez.

Entre goles de café e chimarrão, Comu destaca o que ela acha sobre a sua profissão “ganhar muito conhecimento em várias coisas… como informação, cultura, pessoas, experiência e a possibilidade de viajar para muitos lugares. Conhecer as pessoas das mais simples até as mais importantes. Participar da vida das pessoas de algum jeito, de alguma maneira tu acaba entrando na vida das pessoas quando passa aquela informação. O jornalismo te torna mais humano no dia a dia, te sensibiliza”.

À tarde, a redação fica mais agitada e barulhenta. Chega Bruna, que senta à frente da mesa da Comu. “Ela é bem acelerada, ela consegue dar conta de várias coisas ao mesmo tempo”, reforça. Hoje, a jornalista catarinense mora em Porto Alegre mas já morou em outras cidades, tanto no Rio Grande do Sul quanto em Santa Catarina. Seu sotaque é uma mistura desses dois estados do Sul.

Comu está sempre em movimento, não consegue ficar parada por muito tempo. Muitas vezes, quando retorna à sua mesa, nem senta. Fica ali de pé mesmo, usando o computador. Com o joelho esquerdo apoiado na cadeira. Suas falas são acompanhadas com as mãos, sempre gesticulando ou tocando sutilmente no seu cabelo. “Ela agita, ela tá sempre em movimento. É uma pessoa super acessível”, conta Kelly, secretária da redação.

Sobre a importância do jornalismo, Comu descreve: “A gente tem um papel muito importante, e as pessoas enxergam isso. A gente vê no dia a dia, quando a gente trabalha ou vai entrevistar… como é legal que as pessoas têm um respeito e veem na profissão da gente um papel importante. São nessas coisas que a gente vê um sentido. O dia que acabar esse sentido, talvez eu diga: Ah, deu né! Daí vou ser jardineira… sei lá, algo assim”, termina a frase com um olhar pensativo. Em seguida, dá uma gargalha agradável e sincera.

--

--